domingo, 3 de maio de 2009

2006

"Tudo é dor, e toda dor, vem do desejo de não sentirmos dor..."

Há uns 2 anos atrás, eu me lembro que estava lendo o blog do Renato, hoje extinto, e ele escreveu essa frase, que eu nem me toquei, no momento, que era da Legião Urbana, só sei que isso me tocou tão fundo. Durante muito tempo pensei nisso.

Pensar que a única certeza nossa nessa vida, além da morte, é a de que vamos sofrer. E pensar nisso pode ser tão desesperador... O que se tem na vida é a dor. Tem uma frase que eu nunca consigo me lembrar se é da Lya Luft ou da Clarice Lispector, mas ela diz algo assim: "As coisas estavam tão boas, que poderiam se tornar muito ruins a qualquer instante, pois tudo que amadurece plenamente tende a apodrecer".

Uma vez, na primeira aula de redação do primeiro colegial, prestes a completar 15 anos, a professora me perguntou: Do que você tem medo?
Medo? Da felicidade. Estar feliz é quase a mesma coisa que dizer que, logo, estaremos muito tristes. A idéia de poço e superfície. Quando se está no fundo do poço só podemos subir, enquanto se estamos na superfície, só temos a cair cada vez mais.

E na verdade, eu sempre fui de acreditar que o inferno é aqui, na própria terra. E felicidade? Só depois que se deixa essa vida. Até parece difícil, mas se pensar, o que vem a ser a tal felicidade plena, han? Eu nem sei do que se trata. Sentir-se plena e feliz em todos os segmentos da vida, relacionamento, família, emprego, carreira, estudos, amizades... acho que nunca.

E, por quê? Só a tristeza ensina. É sentindo na pele, chorando e tendo dor, que se aprende a não cometer os mesmo erros. E então, evitamos cometer os mesmos erros, para não sentirmos dor. Erramos para evitar que erremos mais tarde. E, repito, Tudo é dor, e toda dor, vem do desejo de não sentirmos dor.

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