domingo, 3 de maio de 2009

2007

Um banco de jardim às quatroemeiadatarde. Um rapaz de seus dezoitoanos lê um livro. Um desses de capa colorida e centoeoitentapáginas.

Muitas pessoas ao redor, passam, transpassam, perpassam, aqui e acolá. Ele ali. O livro aqui.

Até um sem contar de horas. Ela chega. Atravessa a avenida, desvia da bicicleta, olha o relógio, olha para ele, ele sorri, ela...



Não!
Antes que o sr., sra., srta. Ou sei lá o que seja. Pense qualquer outra coisa eu querereria dizer que, eu, como narrador onisciente do presente conto, não faço a mínima idéia de quem seja a mencionada do pronome feminino singular, no último parágrafo. E lhe asseguro também, que nem meu personagem ( perfeitamente e claramente elaborado e personificado) a conhece.

Não, não é a segunda personagem principal, nem a protagonista, ou anti-herói, nem amiga,tia, mãe, irmã, vizinha, papagaia, ou o raio que o parta, ou, o raio que a parta. Muito menos o amor da vida do meu rapazinho querido.
Pois bem.

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Vira-se para o lado, pára no ponto de Ônibus... E ele pensa, Eu nunca havia pensado como era óbvio saber que as objetivas indiretas utilizavam preposição e as objetivas diretas, não!

Então ele sorrira, e compreendera que a nota de gramática e a recuperação eram merecidas. E que, certamente, essa questão ele não erraria no vestibular. Que seria dali a doisdias.



Olha! Não me venha culpando. Mas é que eu preciso lhe mostrar a verdade das coisas. Não. Essa não será a questão que o fará passar no vestibular, nem a questão que não o fará passar no vestibular. Nem o tópico que irá dar branco e o fazer suar frio, ir até o banheiro, passar vinteminutos, olhar na cola por debaixo da blusa, ser pego pelo fiscal. Levado ao tribunal, ao júri, a cadeia. Conhecer um traficante japonês e morrer de Aids na Tunísia.

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Era tão difícil entender gramática. Mais difícil ainda que a álgebra trigonométrica da rebimbota da parafuseta



Desculpe-me. Mas cabe dizer, que, sou narrador, entendo de escrever e não de cálculos e números e essas coisas de maluco. Não que meu personagem seja maluco! Tenha dó do rapazinho. Mas, não estou com a mínima vontade de me concentrar no que ele pensa para traduzir aqui. Tudo bem?

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E então seria um sonho passar na faculdade de Engenharia Aeronáutica e passar os dias fazendo fórmulas, números e coisas impossíveis. Ele sonhava muito e sonhava demais.



E era essa a minha intenção, sabe? Mostrar a vocês o quanto é inútil ficar esperando as coisas. E sonhando com as coisas. Porque essa história de esperar e esperanças é que fodem com tudo.

Você ai esperando que o menino se apaixone se case, tenha filhos, seja feliz.

Que o menino se apaixone, não se case, não tenha filhos e tente suicídio aos trintaeseteanos por cause de um amor não correspondido.

Ou que acabe solteiro com trêscachorros, doisgatos e umperiquito, assistindo televisão e comendo CupNuddles.

E ele esperando passar em primeirolugar no ITA, ganhar rios de dinheiro, morar nos USA e ser tão famoso quanto o Bill Gates.

E, eu.. que controlo tudo isso ai que vocês esperam que aconteça...
Ah, eu nem quero não. Eu que escolho, eu programo...
E... eu quero que o menino ... morra! [há há há ¿ risada sarcástica mode on]
Nossa!
Te peguei!
Não, não... hoje não mato ninguém!
Nem o passarinho que, eu esqueci de te contar, cagou no ombro do rapazinho bem antes de eu começar a narrar essa história.

Hoje estou um narrador bonzinho. Mas sem saco pra historinhas de amor, castelinhos e princesinhas, tudo com inho... e LeTrA GrAnDe LeTrA pEqUeNa... só falta escrever S2 e cantar Emoponto.

Opa! Esqueci, obra literária pode usar referência contemporânea? Chama o Massaud lá...
Chega!

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O sol já ia se pondo. E o rapazinho, eita! Esqueci... Pausai!



Esqueci de escolher o nome dele. Falta minha, foi mal! Ahn.. vejamos... Solvang? Não, nome de caixa de sapato não dá. Ahn... Giordano? É nome de desenhista de quadro de bichinho, soa legal.

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O sol já ia se pondo. E Giordano sabia que era hora de voltar para casa. A mesma coisa sempre. O pai lendo jornal, a mãe fazendo a janta, os irmãos no chão da sala.

E ele no quarto. Os livros na cama, no chão, na escrivaninha. Por todo lado. Estudar. E tinha tanta coisa ainda para se ler



Puta que pariu! Gol da França! Não acredito que o Brasil vai perder de novo pra França! Não que eu goste de futebol, tanto que estou aqui te contando uma história toda bonitinha enquanto poderia estar assistindo os jogos da copa 2006. Mas não estou. E, também, acho que estou sendo inconveniente.
Ta bom, ta bom... juro jurado, que só interrompo agora no fim! Só fim, pra acabar mesmo, ta? Quietinho aqui.

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Os livros do Machado, as teorias biológicas e as fórmulas físicas.

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