domingo, 3 de maio de 2009

2006

Ow... escuta aqui!


Ela percorria todos os dias os mesmos locais, andava sorrateiramente sobre os mesmos paralelepípedos da calçada. E tentava nunca olhar para as pessoas que passavam na rua. Olhar para os lados poderia ser perigoso.
E o quê a espreitava mais ali adiante?
Talvez, só o seu medo de seguir em frente e manter a cabeça reta. Só havia medo!

Ô menina, escuta aqui...
Dá pra olhar por onde anda, por favor?
É, tira esse cabelo ai da cara...
Ta escutando? Se tá escutando, por que não faz?
Burrice!

Medo... na verdade... tem medo? Medo de ver as coisas darem certo. Ou, medo de ver as coisas NÃO darem certo. O futuro é incerto, não é? Totalmente, incontrolável. E isso, é desesperador. Mas chorar de medo também não adianta.

Hã, medo! Sentimentinho baixo, vil e bundão! Bundão! Grande assim, bem assim mesmo. Vai sentir medo de ser feliz, é ser burra mesmo! Procurar chifre em cabeça de cavalo, só falta procurar fidelidade em atitude de homem. Burra!

Ô menina, se conforma...
Sinceridade, não existe. Não.
E nunca existirá.
Sinceridade é que nem felicidade, é que nem beleza, é que nem amor.
Cada um tem o seu. Cada um vê do lado que quer.

Mas, nem me venha falar de sinceridade, honestidade e altruísmo. Estava falando mesmo, das pedrinhas que ela vive olhando no chão. Prefere olhar as pedras do que transpô-las. É mais fácil assistir, do que agir. É mais fácil desistir do que tentar.

Não é?
E quanto custa tentar?
Se o toda a batalha é feita de dores... se é pra sofrer, que sofra tentando.
Se é pra morrer, como o fluxo natural das coisas, que morra fazendo.
Se é pra ter medo, que tema amando.

Ouviu?
Tenta né... fazer o que ...
Quem sabe...
Tudo sempre vai ser igual...

"Nada será como antes... tudo será sempre o mesmo..." (V.G.M.)

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